Abraji - 22 de dezembro de 2022
Enquanto prega liberdade de expressão e informação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já bloqueou no Twitter 105 perfis de jornalistas, impedindo que tivessem acesso a suas declarações como agente público. O presidente é líder absoluto do mecanismo de bloqueio de profissionais e veículos de imprensa, perpetrados no Brasil por pelo menos 53 autoridades e atingindo a marca de 390 banimentos a jornalistas. Somados, seus três filhos com cargos públicos concentram 69 blocks.
Os bloqueios foram registrados entre set.2020 e dez.2022, período em que a Abraji desenvolveu o projeto de monitoramento de bloqueios à imprensa por parte de autoridades públicas. A iniciativa teve apoio da Open Society Foundations e revelou que a maioria das restrições partiu não só do clã Bolsonaro como de agentes ligados diretamente ao presidente da República. O ex-secretário especial da Cultura, Mário Frias, está em segundo lugar na lista (43), seguido do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, com 42.
Para Débora Salles, coordenadora de pesquisa do NetLab, da UFRJ, o Twitter vem sendo utilizado pelo presidente da República como uma ferramenta de campanha político-eleitoral. “Alienar jornalistas da fonte primária de informação sobre seu governo também é uma saída encontrada para se proteger de questionamentos diretos que possam ser feitos, prejudicando o livre exercício da profissão e, consequentemente, os valores democráticos associados a ela”, aponta.
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