Correio Braziliense - 03 de junho de 2024
Desde os primeiros dias da tragédia, a disseminação de mentiras tem causado impacto nas ações de resgate e reconstrução. Mas, na guerrilha das fake news, quem pretende expô-la sofre intensa campanha de difamação e descrédito. A artilharia extremista se volta contra instituições de checagem de fatos ou acadêmicas, que se dedicam ao estudo das mentiras nas redes sociais.
Uma delas é o Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desde o início da crise gaúcha vem monitorando a desinformação sobre o desastre. Exemplo disso é o artigo que o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) publicou, em um jornal do Paraná, acusando a instituição da UFRJ de ser um "serviço político para Lula e o PT, pago pelo Tesouro".
Em 22 de maio, a Advocacia-Geral da União (AGU) convocou os representantes das plataformas Google/YouTube, Meta, TikTok, X, Kwai e LinkedIn para se comprometerem a moderar e controlar o que é publicado e enfrentar a onda de notícias falsas sobre a tragédia. As big techs assinaram um protocolo para "promover a integridade" das informações sobre o desastre. O compromisso, porém, parece não estar sendo levado a sério. Segundo o NetLab da UFRJ, o YouTube, o Facebook e o TikTok têm permitido que canais lucrem divulgando falsidades sobre a tragédia ou conteúdos negacionistas a respeito das mudanças climáticas.
"Em menor escala, conteúdos conspiracionistas alegam que culpar as ações humanas sobre o clima é um pretexto do governo e da mídia para ocultar a verdade: que o desastre foi planejado e visa submeter a população e o agronegócio ao controle de grandes grupos mundiais", diz um trecho do relatório Enchentes no Rio Grande do Sul — Uma análise da desinformação multiplataforma sobre o desastre climático, ao qual o Correio teve acesso.
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