Jornal O Globo - 02 de junho de 2024
Mesmo após assinar em conjunto com outras plataformas um acordo de cooperação para evitar a propagação de fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, a rede de compartilhamento de vídeos YouTube tem permitido que canais lucrem com conteúdos que fazem alegações falsas sobre a tragédia ou promovem discursos negacionistas sobre as mudanças climáticas. O alerta é do NetLab, laboratório vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que identificou postagens desinformativas que seguem monetizadas pela big tech. Ao menos oito desses vídeos, em que são exibidos anúncios vendidos pelo YouTube, somam juntos mais de 2,3 milhões de visualizações desde o início de maio.
Diretora do NetLab/UFRJ, Rose Marie Santini explica que a monetização de vídeos desinformativos é perigosa por eclipsar o acesso a informações verdadeiras durante um período de calamidade. Ela defende que as big techs sejam responsabilizadas:
— A monetização traz vantagens na recomendação de conteúdos nas plataformas, que precisam se responsabilizar pela forma como ganham dinheiro. A gente sabe que moderam diversos conteúdos, mas não são transparentes no que moderam e como moderam. É um serviço que oferecem para anunciantes, e elas são responsáveis pelos serviços que prestam.
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