Agência Pública - 19 de janeiro de 2024
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mais conhecida como a bancada ruralista do Congresso, publicou anúncios nas redes sociais ao longo de todo o ano passado com conteúdo desinformativo, descontextualizado, distorcido e/ou que minimizavam os impactos negativos do setor, de modo a promover sua agenda política no legislativo. É o que aponta uma análise elaborada pelo Netlab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O relatório, repassado com exclusividade para a Agência Pública, avalia que a comunicação digital da FPA, por meio de posts patrocinados nas redes da Meta (como Facebook e Instagram), adota o que foi classificado como “discurso tóxico”. O laboratório de pesquisa da UFRJ, que há mais de uma década estuda as redes sociais e o fenômeno de desinformação no Brasil, considera como “tóxicos” anúncios que recorrem a algum nível de desinformação e/ou ao chamado greenwashing (uma espécie de maquiagem verde).
Foram analisados 207 posts patrocinados nas redes sociais da FPA publicados entre janeiro e novembro de 2023. Quase metade (94 anúncios, 45%) tinha conteúdo que foi classificado como tóxico pela equipe do Netlab.
“A desinformação consiste no uso intencional de informações falsas, descontextualizadas ou distorcidas para manipular a opinião pública, descredibilizar inimigos e/ou introduzir vieses sensacionalistas”, explicam os pesquisadores. Já o greenwashing, dizem, “se caracteriza pelo uso de estratégias narrativas que ocultam práticas antiecológicas ou minimizam/negam seus impactos negativos”.
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