Agência Pública - 05 de dezembro de 2023
Pouco antes do primeiro turno das eleições, um estudo acadêmico mobilizou as redes sociais: nele, pesquisadores do NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), demonstravam que o algoritmo do YouTube privilegiava a Jovem Pan, incluindo conteúdos de desinformação, na sua aba de “vídeos recomendados”.
Os dados preliminares foram publicados pela jornalista Patrícia Campos Mello na Folha de S.Paulo, o que gerou mobilização nas redes e uma campanha contra a Jovem Pan, que de fato levou a intervenções no sistema de recomendação das plataformas.
Nos dias seguintes, os vídeos da Jovem Pan passaram a ser menos recomendados e o YouTube começou a publicar em sua página inicial banners que levavam a conteúdos confiáveis sobre as eleições de 2022.
Entretanto, segundo o estudo completo, publicado na revista acadêmica Policy & Internet, essa mudança de recomendação durou pouco tempo e os vídeos da Jovem Pan voltaram a ser até mesmo mais recomendados do que antes.
“Com base em nossas descobertas, levantamos a questão do que motiva o viés sistemático nas recomendações do YouTube. Especulamos que existem acordos comerciais opacos e estratégias de negócios em jogo, com base na suposição de que as decisões de recomendação da plataforma têm um ‘efeito publicitário’ de patrocínio e endosso aos usuários”, escrevem os autores do estudo, os pesquisadores Rose Marie Santini, Débora Salles e Bruno Mattos.
Para a diretora do NetLab, Rose Santini, “devido ao modelo de negócios das plataformas digitais, elas acabam sendo sócias dos fabricantes de fake news, porque os ajudam a monetizar com conteúdo falso e ficam com parte dessa monetização”.
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