Desinformação climática entra na mira dos debates na COP30, que é alvo de fake news nas redes
- Rafaela Campos da Silva
- 15 de nov.
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Atualizado: 19 de nov.
Jornal O Globo - 15 de novembro de 2025

Na esteira do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura da COP30 no qual enfatizou ser o momento de “impor uma nova derrota aos negacionistas”, a pauta da desinformação ganhou protagonismo inédito na conferência com o lançamento da primeira Declaração sobre a Integridade da Informação sobre a Mudança Climática. A iniciativa ganhou fôlego em um momento em que a própria cúpula do clima se tornou alvo de campanhas de fake news nas redes sociais, com uso de imagens geradas por inteligência artificial.
Em Belém, no âmbito da convenção, foi lançada a primeira Declaração sobre a Integridade da Informação sobre a Mudança Climática. A declaração é uma agenda da Iniciativa Global sobre Integridade da Informação em Mudanças Climáticas, da qual participam Unesco, o governo brasileiro e as Nações Unidas. Ela nasceu na cúpula de presidentes e chefes de Estado do G-20 em novembro de 2024, no Rio, e desde então vem ganhando força. No Palácio do Planalto, o tema é comandado pelo Secretário Nacional de Políticas Digitais, João Brant.
Quando se buscam vilões em matéria de desinformação e clima, as grandes plataformas não estão sozinhas. Especialistas como Marie Santini, fundadora e diretora do Netlab, laboratório Escola de Comunicação da UFRJ, também são críticos em relação à atuação das empresas de setores que mais poluem o meio ambiente, entre elas as de petróleo e gás. Santini compara essa ação e sua estratégia para impedir que se avance na implementação de medidas que reduzam suas emissões a das empresas produtoras de tabaco, no passado.
— No caso da indústria do tabaco, depois das evidências científicas mostrarem que o cigarro, de fato, causava câncer, a indústria começou a criar uma série de estratégias comunicacionais para relativizar as evidências científicas e isso atrasou o combate ao tabagismo em, no mínimo, 20 ou 30 anos — explica Santini.


